Lara Rodrigues é pernambucana, tem um ano e seis meses mas, apesar da pouca idade, vai brincar o seu segundo carnaval neste ano. A menina está ansiosa para vestir a fantasia de Sininho e fazer os primeiros passos de frevo no Clube de Máscaras Galo da Madrugada. No ano passado, com apenas cinco meses de vida, Lara estreou no maior bloco do mundo, fantasiada de abelhinha. Na família dela é assim. Todo mundo começa a gostar de folia desde pequenininho. Em muitas outras casas acontece o mesmo. É desse jeito que o frevo permanece vivo no coração dos pernambucanos desde o final do século 19. Não existe propaganda, obrigação ou lei. Só amor, que não tem data para acabar, segundo os pesquisadores, enquanto houver crianças aprendendo com seus pais e avós o gosto pelo carnaval.
´As tradições carnavalescas são repassadas de geração para geração através das famílias. Um filho, quando nasce, já tem uma agremiação favorita. Assim, a cultura vai se renovando. E posso afirmar,com segurança, que o carnaval jamais vai se acabar em Pernambuco`, explica o historiador e gerente da Casa do Carnaval da Secretaria de Cultura da Prefeitura do Recife, Mário Ribeiro. Isso significa que, de tanto ouvirmos pais, tios e avós falando sobre tal bloco ou troça, acabamos ´absorvendo` esse amor sem perceber. A memória coletiva, de acordo com o historiador, é construída a partir de lembranças preservadas por familiares.
Quando a gente leva nossos filhos para a folia, na verdade está relembrando aquilo que foi repassado pelos pais, numa tentativa de recuperar um passado idealizado pelos avós. Isso explica porquê nos arrepiamos ao ouvir os primeiros acordes do hino do Vassourinhas, por exemplo. As lembranças mexem com o emocional das pessoas. ´Apesar das mudanças no mundo, nós somos o que fomos`, justifica Mário Ribeiro. É por esse motivo que toda agremiação, bloco ou escola de samba tem uma ala específica para as crianças. Os pequenos representam a continuação da brincadeira. Muitos são filhos, netosou bisnetos de antigos foliões.
A família de Larinha, do início da reportagem, leva essas tradições ao pé da letra. ´Sempre gostei de carnaval. Brinco desde que estava na barriga da minha mãe`, comenta a funcionária pública Niedja Rodrigues, 39, mãe de Lara e de Caio, de quatro anos. Até o marido, o empresário André Felipe Rodrigues, 38, entrou literalmente na dança. ´Trago ele desde que começamos a namorar, há alguns anos`, diz Niedja.
Com tanta animação, o casal acaba se enturmando com outros pais que também adoram a folia de Momo, como a engenheira civil Rejane Menezes, 46. Ela é mãe de Júlia, 4, outra pequena foliã. ´Adoro frevo. Como eu e meu marido também gostamos, acho natural que Júlia também arrisque uns passinhos e espere o ano todo para pular no Recife Antigo. Você precisa ver a expectativa dela`, garante. E, assim, o carnaval continua...
FONTE: pernambuco.com.br
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