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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Comparecimento // Abstenção nas urnas tem índice histórico

Os apelos dos candidatos e a campanha da Justiça Eleitoral para que os eleitores comparecessem para votar não surtiram efeito. Um em cada cinco brasileiros não compareceu às urnas ontem. Foram mais de 29,1 milhões de pessoas fora do processo de escolha do novo presidente da República. Para se ter uma ideia, seria como se todos os eleitores do Distrito Federal, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro não tivessem votado. O índice de 21,5% de abstenção foi o maior desde a redemocratização do país. Até ontem, o recorde de ausências havia sido registrado no primeiro turno de 1998, com 21,49%. No segundo turno de 2006, os faltosos somaram 18,9%, enquanto em 2002 chegaram a 20,5%.


Apesar do índice histórico, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, afirmou que a ausência dos eleitores não é preocupante, em face à extensa lista de peculiaridades que envolveu o pleito de ontem. Entre elas, ele inclui a ausência de Marina Silva (PV) na disputa. "Creio que um dos fatores para a abstenção foi a ausência de outra candidata forte como Marina. Podemos especular que grande parte do eleitorado dela não compareceu às urnas. Isso, claro, somado a todos os outros fatores", diz. Pouco mais de 4,5 milhões de eleitores que votaram no primeiro turno deixaram de comparecer às urnas ontem.

São muitas as justificativas para a ausência recorde de eleitores aos locais de votação. Além do feriado prolongado, cada região registrou uma peculiaridade. No Nordeste, por exemplo, há as romarias por conta do dia de Finados, quando os nordestinos deixam suas cidades com destino principalmente a Juazeiro do Norte, no Ceará.

A exemplo do primeiro turno, houve também outros dois fenômenos comuns: a seca no Norte do país e as migrações sazonais, que levam milhares de eleitores do norte de Minas para o corte de cana no interior de São Paulo. No Rio Grande do Sul, as chuvas fortes de ontem também atrapalharam o deslocamento dos eleitores.

Na Amazônia, a principal dificuldade foi a seca na região, que dificulta o trajeto dos moradores por conta da baixa vazão dos rios. Mais de 72 mil famílias no estado já foram atingidas pela estiagem. "Tradicionalmente, entre o primeiro e o segundo turno há um aumento da abstenção. Houve a ocorrência de um feriado prolongado, em que muitos eleitores decidiram viajar", avaliou Lewandowski.

Para o ministro do TSE Arnaldo Versiani, a solução para reduzir o número de faltosos é a implantação do sistema biométrico de identificação de eleitores em todo país. "A urna biométrica pode mudar a partir de 2018 toda essa questão. Vai ser possível reduzir a abstenção com a possibilidade de o eleitor votar no local onde estiver", diz. Ideia semelhante tem outro ministro da Corte, Henrique Neves. "A solução é a atualização do cadastro, como já está sendo feito nas cidades onde a votação é biométrica. A tendência também para combater a abstenção é o aprimoramento do voto em trânsito, iniciado este ano", completa.

Exterior - Se no Brasil o índice de abstenção passou dos 21%, entre os brasileiros que votam no exterior ela passou dos 50%. Por volta das 20h30, quando a votação de eleitores no exterior havia sido concluída em 101 cidades de 71 países, o percentual era de 57,22% - ou seja, mais pessoas faltaram do que comparecerem à votação. Entre os eleitores que moram fora do país, o candidato José Serra vencia com 54% dos votos válidos contra 46% de Dilma Rousseff, isso com 65% das urnas apuradas.


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