Durante muito tempo, eles perderam a infância, mas agora até dão aula para os mais novos na Fundação Terra, criada por um padre para atender a população da zona rural de Arcoverde.
Lixão de Arcoverde, na caatinga de Pernambuco. Era lá, catando restos, que durante muito tempo centenas de crianças perderam a infância. Hoje, em Arcoverde, nada mais se perde, tudo se transforma.
Cantando no coral, dançando na porta da escola, desfilando pelo maracatu nas ruas do bairro., lotando as salas de aula e aprendendo uma arte nas oficinas profissionalizantes. É a nova realidade dos meninos e meninas da Comunidade do Lixão, em Arcoverde, no sertão de Pernambuco.
Há dez anos, crianças e adultos viviam correndo atrás dos caminhões do lixo. Mais de duas mil pessoas dependiam do que arrecadavam no lixão.
“A senhora fugiu da seca e veio para o lixo para não morrer de fome e de sede. Eu sei que não é permitido crianças, mas eu quero que eles estudem para aprender o que eu não aprendi”, conta.
Os filhos de Dona Maria de Lurdes e centenas de outras crianças foram retiradas do lixão por iniciativa do padre Airton Freire, que criou uma fundação sem fins lucrativos. Uma mudança radical. O lixão sumiu. Só ficou a poeira levantada pelo vento. E os acordes de um novo tempo.
O monitor Jurandir Honório da Silva Junior se tornou músico e hoje ensina aos novos alunos: "Eu tenho a parte do coral. Dou aula de teoria musical e saxofone, e dou aula de canto coral".
Coco de roda, ciranda, xaxado e baião: ritmos da terra nordestina nas escolas da fundação.
Cinco homens e uma mulher, formados nos cursos da Fundação Terra, estão trabalhando num estaleiro, construindo navios, em Fortaleza.
A mesma estrutura da Fundação Terra, na zona urbana de Arcoverde, tem no meio da caatinga. Escolas, creches, abrigos para idosos e até uma igreja para atender a população da zona rural.
Médicos voluntários vêm de Recife e de outras cidades para atender à população carente. “Isso já motiva a gente pra voltar daqui a dois meses, daqui a quatro meses", conta o cardiologista Djalma Godoy.
O padre Airton já gravou 105 CDs e escreveu 77 livros. Toda a renda com a venda dos discos e livros é usada nas obras comunitárias da fundação.
"Eu tenho uma deficiência na saúde. Eu tenho uma dissecção na aorta. Eu tenho um risco grande de ter morte súbita. Mas, como disse o poeta, é preciso amar e viver, como se não houvesse amanhã. E eu vivo intensamente cada dia, como se fosse o último momento que me restasse para viver", conta padre Airton.
FONTE: g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/01/meninos-ganham-nova-chance-apos-infancia-em-lixao-na-caatinga.html
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