Uma crítica ao carnaval e a cultura axé da Bahia feito por um artista baiano é, no mínimo, um bom motivo para ler Sonhos elétricos, segundo livro do cantor e compositor Moraes Moreira. A publicação reúne crônicas, cordéis, letras de músicas e fatos inéditos acontecidos em seus 41 anos de carreira. Lançado pela editora carioca Azougue e patrocinado pelo Banco do Nordeste do Brasil, a obra toma por base a (boa) memória de Moraes. Ele conta como foi sua vida artística desde a saída do grupo Novos Baianos, suas parcerias com Armandinho Macedo e a experiência nos carnavais de Salvador. Moraes está no Recife para lançar o livro, com pocket show - apresentando seus sucessos - neste domingo, a partir das 18h, na Livraria Cultura Paço Alfândega.
Moraes diz que o livro rende uma homenagem à cultura brasileira e aos criadores do trio elétrico, a dupla Dodô e Osmar, que são praticamente os seus mestres. Sonhos elétricos, conta o artista, reflete sobre a política cultural da Bahia e a massificação do axé, que terminou poraleijar a carreira de artistas mais autorais, independentes e que não se renderam ao ritmo frenético e massificado das batidas pops criadas pelos baianos, a partir do samba reggae de grupos mais tradicionais. Foi isso que fez Moraes ficar quase dez anos em Pernambuco (quando era quase sempre confundido com Alceu Valença), para só voltar ao carnaval de Salvador em fevereiro de 2010.
O livro é dividido em três partes. Na primeira, Moraes conta suas experiências nos carnavais e relata a parceria com Armandinho, Dodô e Osmar. Na segunda, avalia a política cultural da Bahia - uma crítica pungente à instalação de megablocos de cordas e abadás. Finalmente, se rende à terra natal e relata sua volta ao carnaval de Salvador, em 2010, durante comemorações dos ´60 anos` do trio elétrico.
Aos 63 anos de idade, com mais de quinhentas canções gravadas por ele entre outros nomes célebres da MPB, o músico está preparando um CD dedicado ao samba, que pretende lançar após o carnaval 2011.
FONTE: diariodepernambuco.com.br
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