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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

FESTIVAL DE CINEMA DE TRIUNFO 2012: Entrevista com Antonio Claudino de Jesus presidente da Federação Internacional de Cineclubes


Divulgação

Atualmente presidente da Federação Internacional de Cineclubes, Antonio Claudino de Jesus participa pela primeira vez do Festival de Cinema de Triunfo, como parte do júri de longa-metragem. Aproveitamos a oportunidade para conversamos um pouco com ele sobre suas expectativas para o evento pernambucano, que está apenas começando, e fazer um panorama sobre a realidade da ação dos cineclubes no Brasil.

Festival de Cinema de Triunfo –  Estando à frente da Federação Internacional de Cineclubes, qual a importância de estar próximo não só aos cineclubes, mas aos produtores e realizadores, como agora neste festival? 
Antonio Claudino de Jesus – É da maior importância, para a Federação Internacional de Cineclubes (FICC), manter contato direto não só com os cineclubes, mas também com festivais, onde são exibidos os filmes mais recentes e com uma diversidade riquíssima. E especialmente com os realizadores/produtores, pois o movimento cineclubista se nutre das obras audiovisuais para encontrar seu público e realizar o instante mágico da arte que é o encontro com o público, numa perspectiva crítica e de organização do exercício da cidadania, para além do entretenimento sadio, que é também fundamental. O exemplo disso é Pernambuco, que paralelo ao incremento da produção, tem políticas públicas concretas para o escoamento desta produção ao encontro do seu público e isso está materializado na Federação Pernambucana de Cineclubes, que também é destaque nacional na organização do movimento.

Festival de Cinema de Triunfo –  Após muitas tentativas finalmente participas do Festival de Cinema de Triunfo. O que espera dele?
Antonio Claudino de Jesus – Infelizmente ainda não participei do Festival de Triunfo, embora tenha sido convidado nos últimos anos, mas compromissos anteriormente assumidos ou emergentes me impossibilitaram. De forma que é um grande prazer poder estar no festival este ano. Porém, tenho as melhores informações acerca da importância de sua realização, através de companheiros que dele participaram nas últimas edições.

Festival de Cinema de Triunfo –  Quais as expectativas para o festival? No quesito longa-metragem, algum comentário sobre os filmes que serão exibidos ou são novidades para você?
Antonio Claudino de Jesus – Minha expectativa é grande e recheada de curiosidade quanto à beleza e à qualidade das obras que serão exibidas, tendo como parâmetro as últimas edições do festival, que acompanho mesmo que a distância. E Pernambuco tem se destacado no cenário nacional e internacional, tanto pela produção local, como pelas oportunidades que tem oferecido à produção nacional, ricas em diversidade e grandiosas na qualidade. Outra peculiaridade da minha participação neste festival é que cerca de 80% dos filmes que irei assistir vou ver em primeira mão, pois mesmo participando de vários festivais, não só como representante da FICC, mas como integrante dos júris, não tive a oportunidade ainda de vê-los.

Festival de Cinema de Triunfo –  Quais os desafios para a atuação dos cineclubes hoje em dia?
Antonio Claudino de Jesus – Hoje o grande desafio do movimento é a luta pelo direito do público. O direito ao acesso à cultura em toda a sua diversidade e de todas as nacionalidades, como alimento da cidadania.

Festival de Cinema de Triunfo –  Como membro da FICC, é possível descrever o perfil dos frequentadores de cineclubes no Brasil?
Antonio Claudino de Jesus –  São muitos os perfis. Os cineclubes são tão diversos como diversa é a sociedade humana. Temos cineclubes cujo perfil do público é de crianças, de bairros de alta/média condição financeira até os menos favorecidos econômica e socialmente, assim como temos cineclubes temáticos (ambiental, esportivo etc.), ligados a movimento sociais como os Sem Terra, quilombolas, indígenas, à questão da mulher, o movimento LGTB, enfim... Um cineclube se estabelece quando se identifica com o local, com os cidadãos locais e suas lutas; enfim, quando ele se identifica com o seu público. A alma do cineclubismo é o público e o alimento são as obras audiovisuais em todas as suas formas, suas diferenças e sua diversidade.

Festival de Cinema de Triunfo –  Qual a sua visão sobre a atual produção brasileira?
Antonio Claudino de Jesus – A produção audiovisual brasileira sempre foi muito qualificada, rica em diversidade e engajada com as realidades locais, nacionais e mundiais. Desde o seu nascedouro. Não dando importância a uma linha de produção que tenta se transformar na Hollywood (aquele bairrozinho de Los Angeles que domina o mundo) do Brasil, só temos a festejar. Infelizmente esta riquíssima produção em todo o País não tem como escoar e ser acessada pelo público pelo domínio das majors, que nos massacram com uma estética única, impositiva e que ocupam todo o sistema de exibição. Aí entra a importância dos cineclubes, mais claramente na formação e organização do público, e dos festivais, enquanto vitrine da produção contemporânea que muitas vezes apresenta mostras resgatando filmes que historicamente construíram nossa identidade cultural.

Festival de Cinema de Triunfo –  Embora não seja o grupo de filmes do seu foco, há no festival uma mostra exclusiva para produções realizadas no Sertão. O que achas disso? Acompanha algo da produção da região?
Antonio Claudino de Jesus – É sensacional! Este modelo tem sido adotado por festivais em várias regiões do Brasil e é de suma importância para o escoamento das produções locais e o reconhecimento de nossa diversidade cultural. A produção pernambucana é importantíssima, desde os filmes mais antigos até os contemporâneos. A Federação Internacional de Cineclubes outorga um prêmio, denominado Don Quixote. Em alguns festivais do mundo e em Évora, Portugal, tive a honra de ver um filme pernambucano do Kleber Mendonça, o “Eletrodoméstica”, ser premiado com louvor após ter sido premiado com o Don Quixote no Brasil. O mesmo posso falar do filme “O Jumento santo e a cidade que se acabou antes de começar”. Só para ficar em duas produções contemporâneas, com temas distintos, suportes diferentes, mas com a mesma qualidade e respeito. Aliás as duas compõem o dvd Prêmio Som Quixote: Curtas Brasileiros Premiados, num total de seis filmes.

Festival de Cinema de Triunfo – Falar em cultura hoje no Brasil é falar em quê?
Antonio Claudino de Jesus – É falar num momento crítico da cultura frente ao Ministério da Cultura. É preciso ter consciência para tomar uma atitude que não seja mais danosa. Um momento delicado que gera muitas reflexões para se decidir o que fazer e como fazer. E encontros como esses em festivais é muito bom, porque nos propõe esse momento para conversarmos sobre essa realidade e refletirmos sobre a tomada de posição e o papel das entidades e dos atores culturais brasileiros.



Com informações da Assesoria.

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