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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

POLÍTICA NACIONAL: Oposição vai tentar convencer parlamentares a assinar a CPI dos Transportes


O Congresso mal voltou do recesso e o Palácio do Planalto quase sofreu a primeira derrota neste segundo semestre. Embalada pelo discurso contundente e magoado do ex-ministro dos Transportes e atual senador Alfredo Nascimento (PR-AM), a oposição conseguiu, ontem, as 27 assinaturas para instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes no Senado. Mas, à noite, líderes governistas confirmaram a desistência de João Durval (PDT-BA), o que inviabiliza a criação do colegiado. Hoje, a oposição tentará convencer outros parlamentares a assinar a CPI, enquanto o Planalto pressionará Reditário Cassol (PP-RO) a retirar seu apoio.

Pesa nessa disputa a insatisfação de parte da base com o governo federal — os quatro dissidentes do PMDB, além de dois senadores do PDT (sem contar Durval) e dois do PP apoiaram o requerimento.

O tucano Alvaro Dias (PR) anunciou a obtenção das assinaturas no plenário. Tão logo Alvaro Dias começou a anunciar a obtenção das assinaturas, uma reunião informal foi realizada no cafezinho do Senado. Preocupados, os líderes do PMDB, Renan Calheiros (AL); do PT, Humberto Costa (PE); do governo, Romero Jucá (PMDB-RR); e o senador Benedito de Lira (PP-AL) tentavam traçar estratégias para reverter a derrota do Planalto. “Uma CPI nunca é boa para o governo”, admitiu Jucá. Renan Calheiros disse que era preciso ver quantas assinaturas existiam, se a CPI especificava algum caso e como estava o requerimento. “Já tivemos muitas CPIs aqui no Congresso que não chegaram a lugar nenhum. Esse instrumento foi completamente banalizado nos últimos anos.”

No PMDB, os quatro dissidentes — Roberto Requião (PR), Pedro Simon (RS), Ricardo Ferraço (ES) e Jarbas Vasconcelos (PE) — apoiaram a criação da comissão. “Houve uma orientação clara à bancada para que não assinasse a CPI. Eu conversei pessoalmente com o Ferraço”, completou Renan Calheiros. Ele saiu com essa missão após um almoço da cúpula do partido com o vice-presidente da República, Michel Temer. “São os mesmos quatro que assinaram a CPI do caso Palocci.”

Além da desistência de Durval, o senador Benedito de Lira espera que o retorno do líder do partido na Casa e presidente da legenda, Francisco Dornelles (RJ), consiga mudar o voto dos pepistas. Sobre os dissidentes, Lira admite que a senadora Ana Amélia (RS) sempre teve uma postura independente em relação à sigla e pouco falou de Reditário Cassol, pai do senador licenciado Ivo Cassol: “Eu o conheço pouco”.

Com a coleta das assinaturas, Alvaro Dias estava exultante. O movimento do PSDB e do DEM no plenário durante o discurso de Alfredo Nascimento indicava que a oposição apostava suas fichas no estrago que o pronunciamento do ex-ministro dos Transportes poderia fazer. “Conseguimos as assinaturas porque há um espaço de insatisfação dentro da base aliada. Existe um modelo de corrupção no governo e essa CPI será importante para desmontar essa estrutura”, declarou Alvaro.

O tucano tentou, mas não conseguiu, que o próprio Nascimento assinasse a CPI. “É a sua chance, senador Alfredo. O senhor concordou em ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, apoie a CPI aqui no Senado!” Alfredo não se comoveu com a abordagem do colega. “Eu dei a autorização para me investigar. Por acaso a sua investigação é melhor do que a da PGR?”, rebateu Nascimento.

Agricultura

O PMDB acredita que, caso o Planalto sofra um revés e a CPI dos Transportes seja instaurada, o movimento pode estimular outras comissões para investigar os ministérios da Agricultura (comandada pelo PMDB), das Cidades (PP) e a Agência Nacional do Petróleo (presidida pelo PCdoB). Ontem, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, confirmou que irá à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira para esclarecer as denúncias que envolvem a pasta.


FONTE: correiobraziliense.com.br

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