A pacata cidade do Sertão do Araripe, Bodocó, com seus pouco mais de 35 mil habitantes, é sede da Associação de Apicultores de Bodocó (AAPIB). Lá são produzidos, diariamente, 50 quilos de mel por colmeia. A média nacional é de 30 quilos. Mas grande quantidade não basta, é preciso qualidade.
Para atestar que o negócio é mesmo bom, o Ministério da Agricultura concedeu, à AAPIB, o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), que possibilita a comercialização do mel em outros estados do país. A conquista é fruto do esforço dos membros da Associação e das parcerias firmadas com esse intuito. Sessenta famílias da AAPIB vivem da cultura do mel e foram beneficiadas com o reconhecimento.
A gerente da Unidade de Negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Sertão do Araripe, Lucélia Barros, que prestou consultoria gerencial e tecnológica para a AAPIB, conta que a região responde por 60% da produção de mel de Pernambuco e gera emprego para cerca de 800 pessoas. “Realizamos capacitações e consultorias focadas em promover o acesso ao mercado nacional de forma integrada e sustentável, agregando valor ao produto e contribuindo para o aumento do volume de vendas e da lucratividade”, fala.
O coordenador do AAPIB, Ronildo Menezes, diz que a batalha pelo reconhecimento durou um ano e meio, mas que ainda não acabou. “Procuramos trabalhar de forma que a comunidade pudesse entender a apicultura. Foram aplicados programas de boas práticas de manipulação desde o apiário, até o produto final, para evitar contaminações. O resultado é satisfatório, mas ainda vamos estruturar melhor a atividade”.
Em nota, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que os produtos de origem animal se caracterizam por serem altamente perecíveis e com condições ideais para a multiplicação de microorganismos. Caso o processo de produção, transporte e comercialização não respeite normas de higiene, os produtos podem sofrer problemas que implicam em perda de qualidade. Quando uma empresa adere a um Serviço de Inspeção Oficial, ela passa a ter a necessidade de implementar programas que garantam a conformidade de procedimentos de recebimento de matéria-prima, de beneficiamento, de produção e expedição de produtos. O registro junto a um órgão de fiscalização por um estabelecimento promove o incentivo ao emprego formal com qualificação de mão de obra e, além disso, permite a comercialização em todo território nacional e com possibilidades de exportação dos seus produtos.
O Sebrae trabalha a cadeia da apicultura em dez municípios. A AAPIB é apenas um deles. “Foi montado um plano de negócios para essa associação, onde estamos trabalhando desde a produção à gestão administrativa. Temos levado a eles uma série de capacitações, sobre qualidade do produto, normatização, desenvolvimento de layout, boas práticas de fabricação, entre outros. O selo vem agregar ainda mais valor ao produto”, explica a gerente do Sebrae do Araripe, Lucélia Barros. Segundo ela, a AAPIB, antes do selo, vendia mel a granel em baldes de 25 quilos e barris de 200 quilos, com o quilo a R$ 4. Agora, a comercialização será envazada ou fracionada (em sachês; bisnagas de 300, 500 e 700 gramas; e potes de um quilo), com o preço do quilo a R$ 15. A meta é crescer a produção em 30% nos próximos dois anos.
FONTE :folhape.com.br