Foto: PMS |
Nascido em Guariba na Paraíba e radicado em Arcoverde, o poeta Chico Pedrosa é daqueles que tem versos e humor nas veias o dia todo. Ele esteve em Salgueiro na ultima quinta-feira (26), participando da programação do Festival Pernambuco Nação Cultural, através da oficina ‘Autor na Academia’. O poeta foi muito festejado por onde passou declamando os seus poemas e de poetas famosos da prosa considerada matuta.
Chico Pedrosa esteve na Escola Estadual Professor Manoel Leite e recitou poemas no final do dia após uma sessão de estudos dos professores. No mesmo dia foi à Universidade de Pernambuco onde encantou os alunos do curso de Administração do 5ª e do 3ª período com mais poesias e muitos risos a partir da intervenção dos estudantes.
O poeta tem três livros publicados: Pilão de Pedra I e Pilão de Pedra II, Raízes da Terra e vários Cordéis. Já lançou três CDs com os nomes “Sertão Caboclo”, “Paisagem Sertaneja” e “No meu Sertão é Assim”. Ao comentar seu processo criativo, Pedrosa disse que a vida sem poesia não tem graça, por isso vive a produzir versos. “Agradeço esse dom que Deus me legou porque não sei como seria minha vida sem a poesia,” disse.
A obra de Pedrosa ganhou destaque nacional quando em 2003 por conta das apresentações do extinto grupo musical Cordel do Fogo Encantado, quando o vocalista Lirinha que é da cidade de Arcoverde incluiu no repertório uma obra-prima do poeta: “A Briga na Procissão.” Veja poema abaixo.
"Briga na Procissão" Chico Pedrosa. Quando Palmeira das Antas pertencia ao Capitão Bento Justino da Cruz Nunca faltou diversão: Vaquejada, cantoria, procissão e romaria sexta-feira da paixão Na quinta-feira maior, Dona Maria das Dores No salão paroquial reunia os moradores E ao lado do Capitão fazia a seleção de atrizes e atores O papel de cada um o Capitão que escolhia A roupa e a maquilagem eram com Dona Maria O resto era discutido, aprovado e resolvido na sala da sacristia. Todo ano era um Jesus, um Caifaz e um Pilatos Só não faltavam a cruz, o verdugo e os maus-tratos O Cristo daquele ano foi o Quincas Beija-Flor Caifaz foi Cipriano, Pilatos foi Nicanor. Duas cordas paralelas separavam a multidão Pra que pudesse entre elas caminhar a procissão Cristo conduzindo a cruz foi não foi advertia Pro centurião perverso que com força lhe batia Era pra bater maneiro mas ele não entendia Devido a um grande pifão que bebeu naquele dia Do vinho que o capelão guardava na sacristia. Cristo dizia: ôh, rapaz, vê se bate devagar Já estou todo encalombado, assim não vou aguentar Tá com a gota pra doer, Ou tu pára de bater ou a gente vai brigar. O pior é que o malvado fingia que não ouvia E além de bater com força ainda se divertia, Espiava pra Jesus fazia pouco e dizia Que Cristo frouxo é você, que chora na procissão Jesus pelo que eu saiba não era mole assim não. Eu tô batendo com pena, Tu vai ver o que é bom Na subida da ladeira da venda de Fenelon O couro vai ser dobrado Daqui até o mercado a cuíca muda o som. Naquele momento ouviu-se um grito na multidão Era Quincas que com raiva sacudia a cruz no chão E partia feito um maluco pra cima de Bastião Se travaram no tabefe, ponta-pé e cabeçada Madalena levou queda, Pilatos levou pancada Deram um bofete em Caifaz Que até hoje não faz nem sente gosto de nada. Desmancharam a procissão, o cacete foi pesado São Tomé levou um tranco que ficou desacordado Deram um cocorote na careca de Timóti que até hoje é aluado Até mesmo São José, que não é de confusão Na ânsia de defender o filho de criação Aproveitou a garapa pra dar um monte de tapa na cara do bom ladrão. A briga só terminou quando o Doutor Delegado, Interviu e separou: cada Santo pro seu lado E desde que o mundo se fez, Foi essa a primeira vez Que Cristo foi pro xadrez, Mas não foi crucificado. |
FONTE: salgueiro.pe.gov.br
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