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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A vitória oculta de Jardim - Garanhuns homenageia os 110 anos do escritor Luís Jardim, que derrotou Guimarães Rosa em concurso




Ele pode ser pouco citado nos livros de história da literatura, mas é dono de um feito impressionante: venceu, em 1938, um concurso literário contra um dos maiores autores brasileiros de todos os tempo, João Guimarães Rosa. Luís Jardim (1901-1987), um dos mais importantes contistas pernambucanos, recebe uma homenagem pelos 110 anos de nascimento na sua terra natal, a cidade de Garanhuns, a partir desta quarta-feira (7/12), na programação do Agenda Literária.


Luís Jardim nasceu no Agreste pernambucano, mas precisou se exilar cedo da cidade, aos 16 anos – sua família foi ameaçada de morte por adversários. Envolvido com a literatura e a pintura, mudou-se para o Rio de Janeiro por volta de 1936, quando expôs algumas aquarelas na Sociedade Felipe d’Oliveira.


Foi na capital fluminense que seu interesse pela escrita se mostrou com maior clareza. Em 1938, inscreveu seu primeiro livro, Maria Perigosa, no polêmico concurso da Livraria e Editora José Olympio. Em uma escolha que iria gerar discussões nos anos seguintes, o júri, com membros ilustres como Graciliano Ramos, concedeu o Prêmio Humberto de Campos ao livro do pernambucano. O segundo lugar ficou com a coletânea de contos do misterioso Viator, que se revelaria posteriormente Guimarães Rosa.


Graciliano avaliou a obra de Viator como inconstante e foi um dos defensores da publicação do livro do garanhuense. O autor de Vidas secas, ao ver a solidez da obra do mineiro anos depois, fez seu mea culpa: “Desgostei-me (do resultado): eu desejava sinceramente vê-lo crescer, talvez convencer-me de que me havia enganado preterindo-o. Afinal, os julgamentos são precários – e naquele tínhamos vacilado. Eu, pelo menos, vacilara”.


É importante ressaltar que houve uma clara evolução da obra de Guimarães Rosa entre 1938 e 1946. De certa forma, foi a vitória imposta pelo garanhuense que fez de Sagarana uma estreia tão potente. Sem um Luís Jardim no meio do caminho, talvez o mineiro tivesse permitido imperfeições notáveis em uma carreira tão impressionante.


Como artista visual, Luís Jardim fez desenhos e pinturas para livros de Rachel de Queiroz e José Lins do Rego. A polêmica que o colocou no centro do debate literário nacional ainda teve uma ironia final: ano depois, ele faria capa de Primeiras estórias e Tutameia, do seu “adversário” Guimarães Rosa.


FONTE: jconline.ne10.uol.com.br


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