O grande celeiro para Luiz Gonzaga foi o Nordeste. A cada viagem descobria um novo compositor. Em Caruaru, foram Onildo Almeida e Janduhy Finizola; em Sumé (PB), José Marcolino; em Pesqueira, Nelson Valença
Por José Teles do JC.
Embora tenha feito sucesso com composições de autores do
“Sul”, o grande celeiro para Luiz Gonzaga foi, até o final da carreira, o
Nordeste. A cada viagem que fazia pela região descobria um compositor.
Em Caruaru, foram Onildo Almeida e Janduhy Finizola; em Sumé (PB), José
Marcolino; em Pesqueira, Nelson Valença, para citar uns poucos, e
importantes, compositores em sua obra.
O relacionamento de Marcolino com o Rei do Baião é bem conhecido. Fã do cantor, mandou-lhe várias cartas, sem receber resposta, até que, em 1962, o encontrou pessoalmente em Monteiro. Quando escutou as músicas do caboclo Marcolino, Gonzaga não apenas garantiu que iria gravá-las como o levou para o Rio de Janeiro. O sertanejo emplacaria sucessos como Fazenda Cacimba Nova, Pássaro carão e Sala de reboco. Zé Marcolino não passou muito tempo no Rio, voltou logo à vida com a qual estava acostumado em sua terra, aproveitando uma turnê de Gonzaga pelo Nordeste, para se reunir à família e aos amigos.
Com Nelson Valença foi mais ou menos parecido. Luiz Gonzaga o descobriu quando foi a Pesqueira animando a campanha de Ermírio de Morais. Ao ouvir as músicas do ex-professor, então radialista, compositor prolífico e inédito, ele gostou, pediu para gravar e ainda convidou Valença para morar no Rio, onde, garantiu, lhe arranjaria um emprego na TV. Nelson Valença foi ao Rio duas vezes, hospedou-se na casa de Gonzaga, mas não demorou a voltar à sua cidade.
Ele é de uma família conceituada no Agreste (é primo carnal do pai de Alceu Valença), intelectual, fazia música há muitos anos, a maioria canções lentas, nunca pensando em gravá-las: “Quando eu trabalhava na rádio Difusora (atual Rádio Jornal de Pesqueira) vieram aqui Orlando Silva, Nelson Gonçalves, mas nunca ofereci música a eles, sou matuto encabulado”, contou o compositor em entrevista ao autor.
Nelson Valença é autor de O fole roncou, que tem uma das melodias
mais originais na obra de Luiz Gonzaga, que gravou uma dúzia de
composições dele. A metade foi de parcerias que, Nelson Valença
confessa, foram oferecidas ao cantor. Valença deixou de fazer música
para Luiz Gonzaga por não ter ficado satisfeito com a gravação de Pesqueira centenária (A festa que vamos dar), no álbum A festa
(1981). Luiz Gonzaga disse que tinha notado isso, que houve sabotagem
na gravadora, só que não fez nada. As relações esfriaram a partir daí.
Vale ressaltar que ceder parceria, e na maioria das vezes por dinheiro vivo, já foi uma prática bastante corriqueira e aceita na música popular brasileira, sobretudo até os anos 1950 – embora persista, em menor volume, até hoje. Luiz Gonzaga, ao contrário de cantores famosos como O Rei da Voz, Francisco Alves, tornava-se parceiro na prática, por fazer o arranjo, mudar palavras, e até o ritmo, como é o caso de Fazenda Cacimba Nova, de Zé Marcolino, originalmente um aboio, que virou baião.
Com informações do JC.
O relacionamento de Marcolino com o Rei do Baião é bem conhecido. Fã do cantor, mandou-lhe várias cartas, sem receber resposta, até que, em 1962, o encontrou pessoalmente em Monteiro. Quando escutou as músicas do caboclo Marcolino, Gonzaga não apenas garantiu que iria gravá-las como o levou para o Rio de Janeiro. O sertanejo emplacaria sucessos como Fazenda Cacimba Nova, Pássaro carão e Sala de reboco. Zé Marcolino não passou muito tempo no Rio, voltou logo à vida com a qual estava acostumado em sua terra, aproveitando uma turnê de Gonzaga pelo Nordeste, para se reunir à família e aos amigos.
Com Nelson Valença foi mais ou menos parecido. Luiz Gonzaga o descobriu quando foi a Pesqueira animando a campanha de Ermírio de Morais. Ao ouvir as músicas do ex-professor, então radialista, compositor prolífico e inédito, ele gostou, pediu para gravar e ainda convidou Valença para morar no Rio, onde, garantiu, lhe arranjaria um emprego na TV. Nelson Valença foi ao Rio duas vezes, hospedou-se na casa de Gonzaga, mas não demorou a voltar à sua cidade.
Ele é de uma família conceituada no Agreste (é primo carnal do pai de Alceu Valença), intelectual, fazia música há muitos anos, a maioria canções lentas, nunca pensando em gravá-las: “Quando eu trabalhava na rádio Difusora (atual Rádio Jornal de Pesqueira) vieram aqui Orlando Silva, Nelson Gonçalves, mas nunca ofereci música a eles, sou matuto encabulado”, contou o compositor em entrevista ao autor.
Vale ressaltar que ceder parceria, e na maioria das vezes por dinheiro vivo, já foi uma prática bastante corriqueira e aceita na música popular brasileira, sobretudo até os anos 1950 – embora persista, em menor volume, até hoje. Luiz Gonzaga, ao contrário de cantores famosos como O Rei da Voz, Francisco Alves, tornava-se parceiro na prática, por fazer o arranjo, mudar palavras, e até o ritmo, como é o caso de Fazenda Cacimba Nova, de Zé Marcolino, originalmente um aboio, que virou baião.
Com informações do JC.
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